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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Dia 161: O país do futebol

Desde que eu comecei a correr pra valer, poucos treinos foram tão penosos como o de hoje. E não foi nem por causa do volume e nem por causa do ritmo. Parece que meu corpo simplesmente não queria correr hoje. Por volta do 3º km comecei a sentir uma dor no pé, entre o calcanhar e o dedão, que me acompanhou pelos 9 km mais extensos que eu já corri. Espero que não seja um princípio de uma fascite plantar.

Por outro lado os outros treinos da semana foram muito bem. Agora estou correndo o km bem próximo dos 4'30". Fechei 10 km em 45:59 segunda e 45:46 na quarta. São alguns segundos a menos a cada km e alguns mg a mais de endorfina. Como é bão.

Essa semana estou treinando sem bike, por causa de um cidadão que enfiou o carro na minha frente - na minha preferencial -, e que por conta da frenagem entortou meu aro traseiro. A roda de trás travou e eu tive que jogar a bike de lado, derrapando tipo um "piá pansudo". A diferença é que eu estava a quase 40km/h. De qualquer forma, espero que não seja meu aro que tenha entortado.

Agora há pouco estava passando uma reportagem sobre a E3, uma feira de videogame, e eu me dei conta de que na minha infância, os que gostavam de jogos de futebol eram mais magros.

A verdade é que eu nunca achei graça nem no futebol e nem em jogos de videogame de futebol, e se tem uma coisa que eu não entendo é a estúpida associação direta de futebol com a palavra esporte. O futebol é um esporte, mas esporte não é futebol. O Brasil é uma país com um desempenho patético em olímpiadas por causa dessa idolatria ao futebol.

Se eu nunca me interessei por esporte quando criança, grande parcela dessa culpa é porque aqui somos obrigados a respirar o futebol. Assim como o carnaval, e o big brother. Só que carnaval e big brother é só no começo do ano. Eu só descobri que praticar um esporte é prazeroso, que ler sobre esporte é legal - porque assistir um programa de "esporte" na tv aberta e ver algo além de futebol é coisa rara - quando eu comecei a me informar sobre a corrida, sobre o ciclismo e consequentemente sobre o triatlon.

Meu problema não é com o futebol. É com o fato de atletas de tanto potencial e vontade serem ofuscados pelo futebol, e serem deixados de lado. Terem que implorar por um patrocínio miserável enquanto os patrocinadores brigam pra estampar seus nomes em camisas de times da série A.

Não sou nenhum pseudo intelectual "comunista", que assume as dores dos pobres coitados e clama por igualdade entre os esportes, mas deixar de investir nos atletas brasileiros é burrice. Atleta de verdade. Daqueles que acordam 4 horas da manhã pra treinar, ir pro trabalho e quando chega em casa calça um par de tênis e sai pra correr.
Daquelas que passam o fim de semana fazendo longas na corrida e no ciclismo e que durante a semana fazem um malabarismo pra arrumar horários e ir treinar. Atleta de verdade.

De qualquer forma, não cabe a mim ficar revoltado com a desigualdade social, a fome, a peste e a injustiça do mundo. Esse direito se reserva aos adolescentes e àqueles que assistem as olimpíadas na rede globo e se frustram com fato dos Estados Unidos ganharem mais medalhas que o Brasil, embora a seleção seja penta.

O Brasil não merece os atletas que tem, aqueles de verdade, e a estes, os quais adimiro profundamente, eu presto minha homenagem aqui.

E assim a gente continua sendo, obrigatóriamente, o país do samba, do Rio de Janeiro, do futebol e do Pelé; O país que tem um baralho inteiro no bolso mas que insiste em jogar com uma carta só.



Um abraço, Nicholas - 78,8

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